A VITÓRIA DESEJADA

Cultura

O cinema mundial possui inúmeros festivais e premiações para a Sétima Arte, tanto dentro da América Latina como na Europa, Oceania, América do Norte, Ásia e outras paragens. Fica óbvio dizer que o festival mais glamuroso e popular com o grande público é o OSCAR Norte Americano, um símbolo forte da indústria cinematográfica industrial. Uso o termo industrial pelo caráter técnico e competitivo que esta indústria americana assume, com grande produção quase seriada e de influência de massa.

Um bom exemplo disso é James Cameron, que ganhou renome na indústria não só por seus filmes, mas também por ter dado enormes contribuições tecnológicos na área de filmagem com câmeras digitais, criadas para seus filmes “Avatar I” e “Avatar II“.

Todo este prestígio mundial faz com que suas premiações (Golden Globe, SAG, Critics’ Choice Awards, OSCAR e etc.) sejam eventos de alto reconhecimento e desejo por artistas e profissionais de todos os campos, principalmente a premiação do Oscar.

Walter-Salles A VITÓRIA DESEJADA

Foto: Divulgação

O Cinema Brasileiro

Após 5 indicações para filmes nas categorias principais, 1 indicação de melhor diretor, 1 indicação de melhor animação, 4 indicações a melhor documentário, 1 indicação de melhor curta metragem, finalmente o cinema brasileiro recebe o inédito Oscar. A premiação de melhor filme estrangeiro foi uma marco vencido, sendo indicado ainda a melhor filme e melhor atriz simultaneamente.

Na 97ª edição do Oscar, o diretor Walter Salles subiu ao palco para receber o prêmio de Melhor Filme Internacional, após não ter conseguido vencer com o filme “Central do Brasil”, em 1999, estrelado pela atriz Fernanda Montenegro, mãe da atriz Fernanda Torres, protagonista do filme brasileiro vencedor deste ano, intitulado: “Ainda Estou Aqui”. Diante desses dados, números e místicas fica claro o óbvio, que a maioria do grande público brasileiro desconhece, o caminho árduo no desenvolvimento de produções cinematográficas do tipo “Arte” para festivais internacionais.

Uso o termo “Arte”, pois um filme para indicação de Oscar com reais chances de vitória precisa de trato e trabalho diferenciados, tanto na parte de desenvolvimento, temática, produção, pós-produção, divulgação e tantos outros itens que não são nem possíveis enumerar facilmente. É necessário um grande trabalho de equipe em todos os níveis, tanto que o “Ainda Estou Aqui” foi uma produção cinematográfica que recebeu 3 Indicações: Melhor Filme estrangeiro; Melhor atriz Principal; e Melhor Filme do Ano.

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Foto: Divulgação

A Arte para o Oscar é naturalmente comparativa dentro de critérios específicos, quem acompanha o evento sabe que a premiação se baseia em 3 grandes pilares: A Qualidade dos Trabalhos; O momento da Indústria Cinematográfica Americana; e as Justiças consideradas “injustas” do passado.
Como justiça injusta podemos citar o caso do Oscar de melhor ator Coadjuvante para Denzel Washington no filme “Um Dia de Treinamento”, premiação para compensar o Oscar de Melhor ator não dado a Denzel pelo seu trabalho no filme “Hurricane – O Furacão” anos antes. Estes contextos de justiças com injustas afetam a premiação mais do que imaginamos.

O atual cenário da indústria e o contexto político USA também favorecem temáticas mais sociais e anti-golpistas, um momento que naturalmente favoreceu a temática do filme “Ainda Estou Aqui”. Outro fator que influencia muito é a campanha de divulgação dentro de Hollywood para os membros da Academia votantes, que geram por votação o resultado.
Um filme com idioma não inglês tem mais dificuldades fora de sua categoria específica, justamente pelo público ter historicamente uma forte resistência às legendas. Uma prova da boa campanha é a indicação para melhor atriz e de melhor filme do ano, provando que o público votante viu e conheceu o filme.

Estas companhas feitas pelas produtoras e distribuidoras americanas para o Oscar têm mais um viés a ser considerado, a vitória como carta de negociação e prestígio. Por muitas vezes as companhas de promoção dos filmes geram ações diretas e indiretas que não só promovem os produto defendido, mas geram situações adversas para os adversários. O uso de táticas agressivas na imprensa e rede sociais de forma indireta tentam gerar desqualificação e criar situações embaraçosas para os concorrentes de outras agencia, demovendo o público a votar neles. Ocorre sempre e este ano não foi diferente.

O critério que mais agrado comentar é a qualidade do Cinema Brasileiro, este quesito tem sido forte nas últimas décadas, dando guinadas e saltos em qualidade técnica e artísticas para festivais, notoriamente a olhos vistos por qualquer um, inclusive até para os que não gostam de cinema nacional.

As temáticas e a abordagem de enredo realizado dos filmes nacionais sempre foram questões que dividiram o grande público, que inevitavelmente tem fácil acesso ao enorme acervo de produções norte americanas. Este público tem outros critérios por estarem acostumados com a linguagem e caraterísticas do cinema industrial com mais apelo à ação com violência, ficção e terror Gore, entre outros gêneros.

Isso não significa que o cinema americano não tenha filmes de baixa qualidade, dificuldades de desenvolvimento ou realização técnica inferior, talvez tenha até muito mais, dado o grande número de filmes feitos pela indústria e suas empresas para o cinema, streamings, TV e outras mídias.

O reconhecimento do Cinema Brasileiro

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Inegavelmente o Cinema Brasileiro chegou ao reconhecimento máximo no panorama do cinema mundial e Norte Americano, este degrau da escada está cravado e abrirá porta para outros vindouros profissionais brasileiros de todos os campos! O prêmio de Fernanda Torres no Golden Globe como melhor atriz e o Oscar de Melhor Filme Internacional para “Ainda Estou Aqui” confirma a qualidade e maturidade do Cinema Nacional Brasileiro.

No fundo sempre soubemos da qualidade de nossa dramaturgia, direção, corpo artístico e técnico, agora o nosso cinema consegue maior atenção dos “gringos” que, agora, podem ter mais motivos para visitarem e se interessarem pelas obras cinematográficas brasileiras!

Talvez a maior conquista seja para a autoestima do Cinema Brasileiro; e o sentimento de valor pessoal para o público brasileiro, que ainda hoje em grande parte tem para si que o Cinema Nacional “faz o que pode.” Esta imagem de cinema possível e de comédias televisivas, que não consegue se esquivar das dificuldades técnicas e temáticas. Para este público e o público cativo do Cinema Nacional, temos o Oscar, um feito importante para a Sétima Arte do Brasil. Parabéns ao Cinema Nacional Brasileiro!

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Por Páris Anderson, Cineasta e Teatrólogo.

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