Texto de não-ficção de Ângelo Roberto
Que terror seria se…
Você não tendo nascido paralítico, passasse a precisar de uma cadeira de rodas, de alguém a te empurrar, muletas permanentemente, ou até mesmo uma bengala…
E se ao invés de física, a debilidade a lhe vitimar fosse mental?
Quem nasceu ou veio fatidicamente nessa condição sabe o quanto dói ser acometido por esses infortúnios, mas e se pensarmos que há multidão de pessoas se expondo voluntariamente ao risco de adoecimento?
Você já ouviu falar sobre o que seja “brain rot” ?
Segundo o site G1, a sentença é definida como (“cérebro podre” ou “podridão cerebral”, em inglês) pelo Dicionário Oxford, não por acaso foi inclusive considerada pela organização a “expressão do ano” de 2024, correspondente ao maior volume de consulta dentre os verbetes.
O site G1 apresenta como definição: “É a deterioração mental ou intelectual causada pelo consumo excessivo de conteúdos superficiais e pouco desafiadores, principalmente os de redes sociais.”
“Coreografias, receitas, vídeos engraçados, trends, tudo isso em vídeos de 15, às vezes 30 segundos, em um feed de rolagem infinita. Depois de horas, que passaram como minutos, assistindo a esse conteúdo, o cérebro parece que derreteu. É o brain rot que te pegou.”, ilustra o site Canal Tech.
No Blog Vida Saudável do Einstein Hospital Israelita vemos explicações mais detalhadas, em que mostra o quanto as redes sociais atuam como uma “armadilha mental” para o sistema de recompensa do organismo humano. Que por meio de imagens impactantes e sons estimulantes desencadeiam no cérebro a liberação de dopamina, “neurotransmissor responsável pela sensação de prazer”. O artigo expõe que essas “gratificações” imediatas reconfiguram a rede neural do usuário, tornando-os menos tolerantes a atividades que demandam mais tempo e esforço. Na espiral de dependência da internet, o indivíduo pode vir a ficar “isolado, apático, incapaz de raciocinar criticamente ou mesmo tomar decisões por si próprio.”
Não bastassem esses malefícios, a publicação alerta sinais de alerta a tendência de que o “brain rot” induza “a redução de atividades prazerosas no mundo offline, a baixa capacidade de socialização, a dificuldade de sono e a indisposição ao acordar.” E que aqueles que apresentem tais comportamentos devam buscar ajuda profissional de um psicólogo e de um psiquiatra.
Enfim, quem não quer se auto infringir à dependência e risco até de alienar-se mentalmente a ponto de ter de depender dos outros até para “tomar decisões por si próprio” tem enquanto pode a chance de evitar o “brain rot”.

Por Ângelo Roberto, presidente da Academia Vendanovense de Ciências, Letras e Artes – AVENCLA

